segunda-feira, fevereiro 11

Exposição Colectiva



Desenho, Gravura, Pintura
Por Tiago Baptista, Sérgio Gato e Pedro Oliveira
ou como um trio d’ataque, na boa linha como outros trios como o Trio Odemira, se mostra num colectivo em Leiria, na Galeria da Livraria Arquivo, a 8 de Fevereiro de 2008.

Conheci o Tiago num lançamento de um fanzine de sua autoria intitulado Cleópatra que tentei roubar, mas fui apanhado. Senti-me imediatamente atraído pelo ambiente trash dos seus trabalhos. Traços grosso, rápidos, sujos, em cenários degradados e podres, repletos de sexo sem contemplações e sem limites de bom senso ou decoro. Os desenhos do Tiago eram feios e agressivos. Imaginei-o nascido na cintura industrial do Barreiro, rodeado do fumo das fábricas a moldarem-lho o gosto, ali entre o Lavradio e a Baixa da Banheira. Erro meu. Nasceu, há 21 anos, nas berças de Leiria, na Caranguejeira. N9o fundo é um tipo rural que fugiu para as Caldas da Rainha para aprimorar o seu conhecimento e espalhar a podridão do seu trabalho, entre freaks e vacas, entre Deus e o diabo.

O Sérgio, nado e criado alfacinha de 22 anos, cansou-se dos autocarros da Carris e resolveu apanhar o comboio na Estação do Cacém e fazer a linha do Oeste antes que esta fechasse as portas à circulação. Entre as inúmeras estações e apeadeiros que encontrou ao longo do caminho foi desenhando curvas concêntricas e manchas de mata-borrão nos canhotos dos bilhetes e nos guardanapos das sanduíches de queijo flamengo sem manteiga que levava para a viagem. Para ajudar a passar o tempo, desenvolveu a sua aptidão para a construção de manchas na criação de gravuras de cariz humanóide, reflexo da sua visão humanista da sociedade. È, também, dos três o único que revela gosto e paixão pela caixilharia. Facto que se pode comprovar nesta exposição.

O Pedro era um potentado do futebol, com possível futuro risonho na Selecção Nacional, que uma antiga namorada dizia que era bom como o Figo. Assustado com a comparação e a exigência adjacente, resolveu fugir de Lisboa, arredor que o viu nascer há 22 anos e foi também para as Caldas da Rainha, onde encontrou os outros dois, aprender a misturar tintas. Entre a paleta de cores e as aulas de culinária, bem retratada no colorido bolo de aniversário que a sua felliniana e multi-racial família envolve, resolveu expor a sua futura ex-carreira de sucesso como ponto de partida para um universo narcísico, entre o desejo de Manchester (dito pelo próprio) e a selecção de Scollari, no colo do seio familiar.
Álvaro Romão

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